Ocean Sky from Alex Cherney on Vimeo.
sexta-feira, 23 de dezembro de 2011
sábado, 17 de dezembro de 2011
Diante da Morte
Diante da Morte
[ceci agapinheiro]
Uma estranha sensação
me habita
Um sentimento de desamparo
me faz inerte
tão inerte
quanto imagino que o morto seja
Fantasio minha mão
tocando aquele ser estranho
uma explosão gélida
seguindo caminhos inusitados
como um raio
Todos os seres
inertes
gélidos
pálidos
impávidos
nus
A morte desnuda
o corpo
a vida desnuda
os bens
mas não desnudam o secreto
guardado nos escaninhos
de ambos
do morto
e do vivo
A morte tudo pode
A vida?
Essa além de nada poder
nada consegue entender
nada deslinda
nada...
sexta-feira, 25 de novembro de 2011
Gerundiando
Gerundiando
©eci
@gapinheiro
Aquelas
ondas em movimento contínuo
salpicam
a saudade em minha janela
colorindo
de passado meu presente
Um
dia são todos os dias
um
minuto todo o tempo
de um
tempo que não voltará
quando
a inocência era escudo
contra
o pecado
e impulso
para a volúpia
desordenada
dos sentidos
Aquelas
ondas salpicam em mim
noites
românticas de lua cheia
dança
de corpo colado
beijos
profundos de língua...
Aquelas
ondas salpicam em mim
madrugadas
de brilho manso
se
abrindo para um sol escaldante
de
verão...
Aquelas
ondas salpicam em mim
grãos
de areia tão branca
pés
afundando no andar quase correndo
carícias espumantes
de
água morna...salgada...
Aquelas
ondas salpicam em mim
sono
de muitos e deliciosos sonhos
acordes
de sinos tocando
vontade
de nunca acordar...
Fortaleza, 21 de junho de 2007.
quarta-feira, 23 de novembro de 2011
Um céu não basta
Um céu não basta
[ceci agapinheiro]
nuvens espalhadas
rajadas de
estalactites
um céu não basta
um chão não basta
no entremeio
pés acelerados
mãos abandonadas
olhos ávidos
o percurso é árido
cheio de armadilhas
um pouco zarabatana
o sopro destila o ser
e os seus segredos
o medo não impede
induz ao poder
desde que se calem
para sempre
Fortaleza, 25 de
abril de 2011
terça-feira, 22 de novembro de 2011
É impossível frear os sonhos...
Inconformismo
[ceci agapinheiro]Expectativas
Se alongam
Se desfazem
Ao sabor do tempo
Hoje o desejo devora
O que ontem explodiu
São luzes opacas
São ecos sem voz
São atos sem fatos
Reprimidos desejos
Vazam pelo branco
Colorem os arcanjos
Apagam as velas
Impedem os cantos
Fecham as portas
Abrem as janelas
É impossível frear
Os sonhos
Fortaleza, 27 de outubro de 2008.
segunda-feira, 14 de novembro de 2011
minhas leituras
O Discurso Secreto
Livro de Tom Rob Smith, escritor inglês. Romance ambientado
na União Soviética em 1956, trazendo a memória de pós-guerra (1949). Stálin
está morto, ainda idolatrado por uns, a
despeito do legado de um regime violento. Seu sucessor, Nikita Kruschov,
pronuncia um discurso no vigésimo Congresso do Partido Comunista Soviético,
expondo as vísceras grotescas dos abusos promovidos pelo regime. Tal discurso
vai se propagando por toda a Nação e trazendo à tona, as lembranças, o ódio, as
feridas e as traições e heroísmo da resistência, provocando mudanças na vida de
todos os que tecem as veias dessa nova sociedade frente à fragmentação do
regime. A vida continua para “um homem que não poderia julgar sem também julgar
a si próprio” um ex-integrante daquela vergonha. Que precisa lutar contra tudo
e todos, contra a própria vergonha, para proteger a sua família, até de si
próprio.
Parece roteiro de filme, com muita ação e algum romance.
Vale pela descrição dos lugares, pelo desvendar do mistério, pelo inusitado, para
nós, ocidentais, que as histórias do regime soviético ainda provocam. E nada
mais.
sábado, 29 de outubro de 2011
Tempo de Esperar
Tempo de Esperar
[ceci agapinheiro]
Quando a solidão não dói
Em vez de percorrer os labirintos
Criam-se quebra-cabeças infinitos
Em cada peça um roteiro grita
Quando a solidão não dita
Os rumos que a vida deve seguir
Convém acreditar no futuro por vir
Mesmo que a cegueira imobilize
Quando a solidão escraviza
O silêncio se faz estrondo
E o vulcão se esconde nos montes
Sempre alerta à espera do momento
Quando a solidão se desprende
O mar recua até de vista se perder
Porque não pode ainda voltar
Então a espera se faz definitivamente
Presente
Fortaleza, 17 de maio de 2011.
sexta-feira, 21 de outubro de 2011
Um Dia
Acabei de ler Um Dia,
de David Nicholls. Trata-se de um best-seller, mas não de um livrinho água com
açúcar qualquer. Bem construído e jovial, trata da realidade de todos nós,
jovens, ou que já fomos jovens, de planos para o futuro, de amores não vividos,
de amores realizados, de tempo perdido, de fracassos e de vitórias, de reconstrução, de relações familiares, mas
sobretudo do turbilhão de indecisões que nos comandam quando somos jovens e nos
sentimos eternos e inatingíveis pelas tristezas, problemas ou desgraças à nossa
volta. Dos nossos erros e das consequências na nossa vida. Coisas inevitáveis,
por sermos seres únicos e em construção, cada um à sua maneira.
Depois da leitura, senti o mesmo turbilhão de quando era
jovem e nada sabia da vida. Fiquei em estado meditativo e refleti bastante
sobre os rumos da minha vida, quantos desejos não realizei, quantos amores não
vivi, quantos amigos não permaneceram, quantos tudo sonhei, quantos tudo
realizei, quantos tudo fracassei, quantos tudo venci. Enfim, valeu como um
alerta sobre a temporalidade da vida e sobre o quanto não devemos perder tempo
com aborrecimentos e tristezas, sentimentos de impotência, ou negação da nossa
personalidade física ou mental ou espiritual.
Dedico essa leitura àqueles que foram importantes na minha
vida, àqueles que ainda são importantes, àqueles que não são ou não foram
importantes, mas que serviram para me
fazer ver o lado certo que eu queria, ou me fizeram desviar a rota para chegar
ao sucesso, àqueles que nem sabem quanto foram e são amados, àqueles amigos e
amigas que guardo na lembrança mas não consigo reencontrar, pois tomaram rumos
desconhecidos para mim.
Enfim dedico essa leitura a mim mesmo, que continuo aquela
jovem incorrigível, errando e acertando, caindo e levantando, mas no final das
contas podendo dizer: --Eu vivo intensamente todos os dias da minha vida. Eu
amo. Eu choro. Eu rio. Eu abraço. Eu olho à minha volta. Eu olho pra dentro de
mim.
Eu continuo fazendo os meus rastros.
quinta-feira, 20 de outubro de 2011
Tudo é Noite
terça-feira, 11 de outubro de 2011
Viver o Inevitável
Viver o Inevitável
[ceci agapinheiro]
A sombra gostosa
e a brisa mansa
fazem a lembrança aflorar
No centro do peito
a dor rasga o caminho
No piscar dos olhos
momentos felizes enfeitam
a parede chamada vida
dura e indestrutivel
como a morte
A chave jogada fora
nunca será encontrada
Fortaleza, 06 de outubro de 2011.
segunda-feira, 10 de outubro de 2011
De Finitude
De Finitude
[ceci agapinheiro]
Não concebo a existência da sorte
sou aquela que o tempo costurou
e a memória enviezou
minhas lembranças me alimentam
de idéias mirabolantes
meu corpo me aprisiona
nos limites do impossível
na certeza de uma finitude
que dói
meus pés me carregam
por caminhos insensatos
minhas mãos me enredam
em volúpias e desacertos
cada gesto produz
uma micro lesão
no pensamento
que dói
que rói
sou aquela aprisionada feito lua
sou aquela que sonha sonhos impossíveis
sou aquela que se enreda na solidão
sou aquela que se equilibra na corda bamba
sou aquela que tem um sorriso aberto
sou aquela que cultiva flores e mel
sou aquela que abraça o vento
sou aquela que brinca com fantasmas
sou aquela que luta pela liberdade
sou aquela que não espera acontecer
Nada de sorte:
sou aquela que morre um pouco a cada dia
sou aquela que a terra vai comer
Fortaleza, 20 de abril de 2011.
sábado, 8 de outubro de 2011
Segredo
[ceci agapinheiro]
Abundam os fatos
Sobram os dados
Faltam os atos
Era segredo
por esse motivo
foi esquecido
e guardado
num escaninho
dentro de outro
escaninho
O tempo passou
o segredo escorreu
e lambeu o juízo
mas ninguém acreditou
O segredo ficou
segredo
Fortaleza, 11 de setembro de 2011
quinta-feira, 14 de abril de 2011
Delírios
Delírios
[ceci agapinheiro]
Como um sonho
tudo fica enevoado de repente
as casas se contorcem
será de dor?
as ruas viram mar
serão lágrimas?
as árvores tombam
por cansaço?
os carros patinam
cadê o chão?
a água perfura o chão
perfura o húmus
corta as raízes
abre crateras
atravessa o dia
atravessa a noite
afoga criaturas indefesas
e mergulha num redemoinho
em direção ao nada
Fortaleza, 25 de março de 2011.
[ceci agapinheiro]
Como um sonho
tudo fica enevoado de repente
as casas se contorcem
será de dor?
as ruas viram mar
serão lágrimas?
as árvores tombam
por cansaço?
os carros patinam
cadê o chão?
a água perfura o chão
perfura o húmus
corta as raízes
abre crateras
atravessa o dia
atravessa a noite
afoga criaturas indefesas
e mergulha num redemoinho
em direção ao nada
Fortaleza, 25 de março de 2011.
quarta-feira, 13 de abril de 2011
Feliz Dia do Beijo!
Eu quero viver contigoMuito juntinhos os dois
O tempo que dura um beijo,
Embora eu morra depois.
Florbela Espanca, in Trocando Olhares (1915-1917)
sexta-feira, 25 de fevereiro de 2011
Um dia em Busca da Felicidade
[ceci agapinheiro]
Um amontoado de tijolos
portas e janelas assimétricas
plásticos tapando eventuais buracos
coqueiros carregados
algumas árvores e galinhas
cães gatos e crianças
tudo misturado
e gritos muito gritos
a favela atravessa as janelas
invadindo sem pedir licença
os dias ensolarados
Ruelas e becos
desembocam em avenidas
nas passarelas passam
principalmente os estudantes
risos alegres se misturam
ao barulho dos carros
a beleza atravessa para
o outro lado o lado
dos dias ensolarados
Tiros muitos tiros
o carro do Ronda vem vindo
a mulher no meio da rua não tem tempo
nem vê o que se passa à sua volta
um barulho e o corpo dela vira
um saco de perplexidade
um amontoado de escuros
uma poça de vermelhos
como os dias ensolarados
Do lado de lá
uma escada nova
deveria subir ao paraíso
no entanto ela só desce
mas para aqueles que não desistem
basta andar em frente até encontrar
uma outra escada que somente
sobe e lá continuar a procurar
o lado dos dias ensolarados
Fortaleza, 09 de fevereiro de 2011
fotografia: by Ceci Pinheiro
quinta-feira, 3 de fevereiro de 2011
Roteiro de Sangue
(tube by Patry)
Roteiro de Sangue
[ceci agapinheiro]
Mergulho em mim mesma
e me deixo sangrar
e me faço tela virgem
onde o sangue que escorre
desenha um emaranhado
que não consigo decifrar
Assim desconfigurada
permaneço mistério e enigma
e me deixo trancafiar
na esperança de me
encontrar
Se alguém conseguir
os meus medos secretos
desvendar
Terei encontrado
a maneira de seguir em frente
no meu caminhar
Sem que precise estancar o sangue
Sem que precise desfazer a tela
Sem que precise apagar o traço
Fortaleza, 08 de janeiro de 2011
quarta-feira, 2 de fevereiro de 2011
Narcolepsia
(Imagem recebida sem notificação de autoria. Se alguém souber, agradeço se me comunicar.)
Narcolepsia
[ceci agapinheiro]
Pelas janelas fechadas
passam filetes de luz
a poeira vira constelação
os vultos são fantasmas
agonizantes e lúgubres
o silêncio pesa como chumbo
O pisar é tão leve... tão leve...
Pelas frestas passa o vento
os poros tentam se fechar
mas é tarde a pele se ouriça
os fluidos se espalham
o cheiro de lavanda flutua
buscando o equilíbrio
O voar se faz tão leve... tão leve...
As páginas se agitam
rolam ao sabor do vento
vêm e vão sem eira nem beira
as palavras se misturam
redondas quadradas afuniladas
buscam os olhos e o coração
o ler se faz tão leve... tão leve
Portas janelas e cadeira
balançam tão leve... tão leve...
suavemente vão parando... parando...
até ficarem estáticas e mudas
Alguns segundos são o bastante
para que a vida pare
e volte tão leve... tão leve...
Fortaleza, 30 de janeiro de 2011.
quarta-feira, 5 de janeiro de 2011
Destino e Desatino
Destino e Desatino
[ceci agapinheiro]
uma vontade
o pássaro voa e plana
chega ao ninho
trazendo uma palha
trança e volta
voando feliz
de ser feliz
o ninho seria um lar
sob medida para abrigar
toda aquela felicidade
se não estivesse plantado
exatamente na ponta
da calha pluvial
de afogar as desditas
à noite chove forte
forma-se uma lagoa e um redemoinho
por onde escorrem as palhas
trançadas com tanto capricho
de desaparecer
o ninho desmorona
em toda a sua fragilidade
engolido pela força estranha
da natureza em ebulição
de limpar o rastro...
o operário limpa a terra do corredor
com o ninho retirado da calha
a cerâmica não fica arranhada
porque ninho de passarinho não arranha
desatino
à noite chove torrencialmente
e a água escorre livremente
pela calha
percorre os caminhos naturais
até ao chão
até ao ralo
como os sentimentos daquele
que precisou retirar o ninho
e sentiu o vazio da vida
e o choque da cadeia vital
vingam uns
não vingam outros
vivem uns
morrem outros
não chegam a nascer
aqueles outros
Fortaleza, 04 de janeiro de 2010.
[ceci agapinheiro]
uma vontade
o pássaro voa e plana
chega ao ninho
trazendo uma palha
trança e volta
voando feliz
de ser feliz
o ninho seria um lar
sob medida para abrigar
toda aquela felicidade
se não estivesse plantado
exatamente na ponta
da calha pluvial
de afogar as desditas
à noite chove forte
forma-se uma lagoa e um redemoinho
por onde escorrem as palhas
trançadas com tanto capricho
de desaparecer
o ninho desmorona
em toda a sua fragilidade
engolido pela força estranha
da natureza em ebulição
de limpar o rastro...
o operário limpa a terra do corredor
com o ninho retirado da calha
a cerâmica não fica arranhada
porque ninho de passarinho não arranha
desatino
à noite chove torrencialmente
e a água escorre livremente
pela calha
percorre os caminhos naturais
até ao chão
até ao ralo
como os sentimentos daquele
que precisou retirar o ninho
e sentiu o vazio da vida
e o choque da cadeia vital
vingam uns
não vingam outros
vivem uns
morrem outros
não chegam a nascer
aqueles outros
Fortaleza, 04 de janeiro de 2010.
domingo, 2 de janeiro de 2011
amanhecer
amanhecer
Upload feito originalmente por ceciverdadeira
Recomeço
[ceci agapinheiro]
Abro as janelas
e recebo os novos ares
meu rosto se aveluda
meus braços se abrem
automaticamente
Minha mente reverbera
em flashs fotográficos
e memoráveis
de uma vida totalmente
desprovida de um tanto
e transbordante de outro tanto
Tento esquecer os nãos
e relembrar os vãos
Afinal o mais importante
eu fiz: Amei
O mais importante
eu tenho: Amor
O mais importante
eu vivo: Um recomeço
mais um de tantos
Fortaleza, 01 de janeiro de 2011.
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