sexta-feira, 25 de novembro de 2011

Gerundiando














Gerundiando
©eci @gapinheiro

Aquelas ondas em movimento contínuo
salpicam a saudade em minha janela
colorindo de passado meu presente
Um dia são todos os dias
um minuto todo o tempo
de um tempo que não voltará
quando a inocência era escudo
contra o pecado
e impulso para a volúpia
desordenada dos sentidos
Aquelas ondas salpicam em mim
noites românticas de lua cheia
dança de corpo colado
beijos profundos de língua...
Aquelas ondas salpicam em mim
madrugadas de brilho manso
se abrindo para um sol escaldante
de verão...
Aquelas ondas salpicam em mim
grãos de areia tão branca
pés afundando no andar quase correndo
carícias espumantes
de água morna...salgada...
Aquelas ondas salpicam em mim
sono de muitos e deliciosos sonhos
acordes de sinos tocando
vontade de nunca acordar...
Fortaleza, 21 de junho de 2007.

quarta-feira, 23 de novembro de 2011

Um céu não basta
















Um céu não basta
[ceci agapinheiro]


nuvens espalhadas
rajadas de estalactites
um céu não basta
um chão não basta
no entremeio
pés acelerados
mãos abandonadas
olhos ávidos

o percurso é árido
cheio de armadilhas
um pouco zarabatana
o sopro destila o ser
e os seus segredos
o medo não impede
induz ao poder
desde que se calem
para sempre
Fortaleza, 25 de abril de 2011

terça-feira, 22 de novembro de 2011

É impossível frear os sonhos...


 Inconformismo
[ceci agapinheiro]

Expectativas
Se alongam
Se desfazem
Ao sabor do tempo

Hoje o desejo devora
O que ontem explodiu
São luzes opacas
São ecos sem voz
São atos sem fatos

Reprimidos desejos
Vazam pelo branco
Colorem os arcanjos
Apagam as velas
Impedem os cantos

Fecham as portas
Abrem as janelas
É impossível frear
Os sonhos
Fortaleza, 27 de outubro de 2008.

segunda-feira, 14 de novembro de 2011

minhas leituras


O Discurso Secreto

Livro de Tom Rob Smith, escritor inglês. Romance ambientado na União Soviética em 1956, trazendo a memória de pós-guerra (1949). Stálin está morto, ainda idolatrado por uns,  a despeito do legado de um regime violento. Seu sucessor, Nikita Kruschov, pronuncia um discurso no vigésimo Congresso do Partido Comunista Soviético, expondo as vísceras grotescas dos abusos promovidos pelo regime. Tal discurso vai se propagando por toda a Nação e trazendo à tona, as lembranças, o ódio, as feridas e as traições e heroísmo da resistência, provocando mudanças na vida de todos os que tecem as veias dessa nova sociedade frente à fragmentação do regime. A vida continua para “um homem que não poderia julgar sem também julgar a si próprio” um ex-integrante daquela vergonha. Que precisa lutar contra tudo e todos, contra a própria vergonha, para proteger a sua família, até de si próprio.

Parece roteiro de filme, com muita ação e algum romance. Vale pela descrição dos lugares, pelo desvendar do mistério, pelo inusitado, para nós, ocidentais, que as histórias do regime soviético ainda provocam. E nada mais.