quinta-feira, 29 de novembro de 2012

quinta-feira, 1 de março de 2012


Descaminho
[ceci agapinheiro]

Sobre a cabeça
um sótão limpo e organizado
repleto de fantasmas
ectoplasmas transparentes
extensivos aos neurônios
em sinapses diabólicas
É cedo ainda para expulsar
a loucura intermitente
pois faz-se premente o viver
e suas consequências catastróficas
Um estuprador é estuprado
Um assassino é assassinado
Um agiota é roubado
Um terrorista é torturado
Um jornalista é calado
Um estudante enlouquece
Um jovem nunca pensa
Um adulto se dopa
Um religioso peca
Um professor deseduca
Um político mente
Um pai mata o filho
Um filho mata o pai
Todos apontam o dedo
Sob a cabeça
um porão cheio de tralhas
e de verdades dúbias
de máscaras deléveis
e de sinapses indeléveis
Fechar os olhos
apenas simula uma solução
Fortaleza, 29 de fevereiro de 2012.

sábado, 25 de fevereiro de 2012

Por mais um dia...


Mais um dia
[ceci agapinheiro]


De nada adianta olhar apalpar sentir
Se duro perfura a carne
Se mole perfura a nuvem
Os carros passam voando
O vento resolve se guardar
O suor em gotas se equilibra
e requebra feito geleia
O cansaço desfaz o tônus
O barulho ensurdece
enlouquece
produz ruídos inexistentes
Os pássaros cantam alegres
fazem rasantes sobre as cabeças
Ocas
Gatos pretos passam
agourando os dias e as noites
pura afasia
Os pensamentos conduzem
a insanidade de um lado a outro
sem deixar de armazenar
as palavras e os gestos
num poço sem fundo
A palavra “morte” teima em sair
e vagueia por ruas desertas
povoadas de cabeças
Ocas

quarta-feira, 22 de fevereiro de 2012

Será?


Carne vale?

©eci @agapinheiro

Comer a carne viva!

Um pecado sem perdão,

pois comemos junto a alma,

essência de vida plena.

Talvez por isto, a sábia natureza

induz-nos a matar a alma,

antes, durante ou mesmo depois

de qualquer ato antropofágico.

Melhor matar do que

vender, barganhar ou intoxicar.

E se não a matamos,


aperfeiçoamos.