sábado, 29 de outubro de 2011

Tempo de Esperar
















Tempo de Esperar
[ceci agapinheiro]

Quando a solidão não dói
Em vez de percorrer os labirintos
Criam-se quebra-cabeças infinitos
Em cada peça um roteiro grita

Quando a solidão não dita
Os rumos que a vida deve seguir
Convém acreditar no futuro por vir
Mesmo que a cegueira imobilize

Quando a solidão escraviza
O silêncio se faz estrondo
E o vulcão se esconde nos montes
Sempre alerta à espera do momento

Quando a solidão se desprende
O mar recua até de vista se perder
Porque não pode ainda voltar
Então a espera se faz definitivamente
Presente
Fortaleza, 17 de maio de 2011.

sexta-feira, 21 de outubro de 2011

Um Dia


Acabei de ler Um Dia, de David Nicholls. Trata-se de um best-seller, mas não de um livrinho água com açúcar qualquer. Bem construído e jovial, trata da realidade de todos nós, jovens, ou que já fomos jovens, de planos para o futuro, de amores não vividos, de amores realizados, de tempo perdido, de fracassos e de vitórias,  de reconstrução, de relações familiares, mas sobretudo do turbilhão de indecisões que nos comandam quando somos jovens e nos sentimos eternos e inatingíveis pelas tristezas, problemas ou desgraças à nossa volta. Dos nossos erros e das consequências na nossa vida. Coisas inevitáveis, por sermos seres únicos e em construção, cada um à sua maneira.

Depois da leitura, senti o mesmo turbilhão de quando era jovem e nada sabia da vida. Fiquei em estado meditativo e refleti bastante sobre os rumos da minha vida, quantos desejos não realizei, quantos amores não vivi, quantos amigos não permaneceram, quantos tudo sonhei, quantos tudo realizei, quantos tudo fracassei, quantos tudo venci. Enfim, valeu como um alerta sobre a temporalidade da vida e sobre o quanto não devemos perder tempo com aborrecimentos e tristezas, sentimentos de impotência, ou negação da nossa personalidade física ou mental ou espiritual.

Dedico essa leitura àqueles que foram importantes na minha vida, àqueles que ainda são importantes, àqueles que não são ou não foram importantes, mas que  serviram para me fazer ver o lado certo que eu queria, ou me fizeram desviar a rota para chegar ao sucesso, àqueles que nem sabem quanto foram e são amados, àqueles amigos e amigas que guardo na lembrança mas não consigo reencontrar, pois tomaram rumos desconhecidos para mim.

Enfim dedico essa leitura a mim mesmo, que continuo aquela jovem incorrigível, errando e acertando, caindo e levantando, mas no final das contas podendo dizer: --Eu vivo intensamente todos os dias da minha vida. Eu amo. Eu choro. Eu rio. Eu abraço. Eu olho à minha volta. Eu olho pra dentro de mim.

Eu continuo fazendo os meus rastros.

quinta-feira, 20 de outubro de 2011

Tudo é Noite




Tudo é noite
[ceci agapinheiro]

A chama é apenas
um símbolo da purificação
uma imagem da transcendência
da alma
como o brilho desta lua
hoje
perverte a flama
da paixão
brande a flama
da discórdia
devora o espírito
e atiça a luxúria
também sacia a carne

Fortaleza, 13 de outubro de 2011.

terça-feira, 11 de outubro de 2011

Viver o Inevitável


Viver o Inevitável

[ceci agapinheiro]


A sombra gostosa

e a brisa mansa

fazem a lembrança aflorar

No centro do peito

a dor rasga o caminho

No piscar dos olhos

momentos felizes enfeitam

a parede chamada vida

dura e indestrutivel

como a morte

A chave jogada fora

nunca será encontrada

Fortaleza, 06 de outubro de 2011.



segunda-feira, 10 de outubro de 2011

De Finitude


De Finitude
[ceci agapinheiro]

Não concebo a existência da sorte
sou aquela que o tempo costurou
e a memória enviezou
minhas lembranças me alimentam
de idéias mirabolantes
meu corpo me aprisiona
nos limites do impossível
na certeza de uma finitude
que dói
meus pés me carregam
por caminhos insensatos
minhas mãos me enredam
em volúpias e desacertos
cada gesto produz
uma micro lesão
no pensamento
que dói
que rói

sou aquela aprisionada feito lua
sou aquela que sonha sonhos impossíveis
sou aquela que se enreda na solidão
sou aquela que se equilibra na corda bamba
sou aquela que tem um sorriso aberto
sou aquela que cultiva flores e mel
sou aquela que abraça o vento
sou aquela que brinca com fantasmas
sou aquela que luta pela liberdade
sou aquela que não espera acontecer

Nada de sorte:
sou aquela que morre um pouco a cada dia
sou aquela que a terra vai comer

Fortaleza, 20 de abril de 2011.

sábado, 8 de outubro de 2011

Segredo






[ceci agapinheiro]

Abundam os fatos
Sobram os dados
Faltam os atos

Era segredo
por esse motivo
foi esquecido
e guardado
num escaninho
dentro de outro
escaninho

O tempo passou
o segredo escorreu
e lambeu o juízo
mas ninguém acreditou

O segredo ficou
segredo

Fortaleza, 11 de setembro de 2011

Sempre, sempre, sempre...