quarta-feira, 2 de fevereiro de 2011

Narcolepsia


(Imagem recebida sem notificação de autoria. Se alguém souber, agradeço se me comunicar.)

Narcolepsia
[ceci agapinheiro]

Pelas janelas fechadas
passam filetes de luz
a poeira vira constelação
os vultos são fantasmas
agonizantes e lúgubres
o silêncio pesa como chumbo
O pisar é tão leve... tão leve...

Pelas frestas passa o vento
os poros tentam se fechar
mas é tarde a pele se ouriça
os fluidos se espalham
o cheiro de lavanda flutua
buscando o equilíbrio
O voar se faz tão leve... tão leve...

As páginas se agitam
rolam ao sabor do vento
vêm e vão sem eira nem beira
as palavras se misturam
redondas quadradas afuniladas
buscam os olhos e o coração
o ler se faz tão leve... tão leve

Portas janelas e cadeira
balançam tão leve... tão leve...
suavemente vão parando... parando...
até ficarem estáticas e mudas

Alguns segundos são o bastante
para que a vida pare
e volte tão leve... tão leve...
Fortaleza, 30 de janeiro de 2011.

2 comentários:

  1. "...Portas janelas e cadeira
    balançam tão leve... tão leve...
    suavemente vão parando... parando...
    até ficarem estáticas e mudas..."

    Que poético isso, Ceci! Cheio de sensibilidade nas entrelinhas...Bjs querida, obrigada pelo abraço receptivo no meu retorno.

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  2. Obrigada, querida. Estou feliz com o seu retorno. Beijo.

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