segunda-feira, 10 de outubro de 2011

De Finitude


De Finitude
[ceci agapinheiro]

Não concebo a existência da sorte
sou aquela que o tempo costurou
e a memória enviezou
minhas lembranças me alimentam
de idéias mirabolantes
meu corpo me aprisiona
nos limites do impossível
na certeza de uma finitude
que dói
meus pés me carregam
por caminhos insensatos
minhas mãos me enredam
em volúpias e desacertos
cada gesto produz
uma micro lesão
no pensamento
que dói
que rói

sou aquela aprisionada feito lua
sou aquela que sonha sonhos impossíveis
sou aquela que se enreda na solidão
sou aquela que se equilibra na corda bamba
sou aquela que tem um sorriso aberto
sou aquela que cultiva flores e mel
sou aquela que abraça o vento
sou aquela que brinca com fantasmas
sou aquela que luta pela liberdade
sou aquela que não espera acontecer

Nada de sorte:
sou aquela que morre um pouco a cada dia
sou aquela que a terra vai comer

Fortaleza, 20 de abril de 2011.

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