Da Série Problemas Pessoais
meto a cara na manhã
empoeirada da metrópole,
arrasto comigo um poema
em busca de palavras exatas
para ser tecido.
jogo o corpo na manhã
cinzenta da cidade
com a cara lavada de perspectivas
e o coração que é um largo lençol
de cicratizes.
navego longamente na manhã
urbanotrópole
com o saco cheio de sair pela traseira da vida.
Salgado Maranhão, in Mural de Ventos, José Olympio Editora
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