terça-feira, 2 de março de 2010

O calor está insuportável. Nem o vento dá as caras por aqui. A piscina continua em reforma. Meus dias correm num ritmo morno, sem tesão. Constantemente, o suor me escorre pelo rosto e corpo molha a minha roupa, que gruda no corpo, mostrando-o como se nu estivesse. Este corpo que um dia já foi quase perfeito, hoje sofre com dores intermitentes ao menor contorcionismo a que o submeto. Sim, continuo a maltratá-lo com mil e um malabarismos e longas imobilidades. Sonho com veredas desconhecidas e silêncios terriveis, com sombras e silhuetas macabras. Uma aragem fresca traz um conforto térmico tão breve quanto a chuva rala que vem em seguida. Um dia que não acaba.

Inacabado
ceci agapinheiro

meus pensamentos
constroem muros
meus olhos
mostram enigmas
meu corpo
rompe o cerco da gravidade
num bailado louco desvairado
tento esvasiar minha mente
fecho os olhos para não ver
ou sentir qualquer emoção
porém um precipício se abre
tragando-me vertiginosamente
do lado de dentro
escuro e silêncio de morte
do lado de fora
inquietação e desejos

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