quarta-feira, 20 de janeiro de 2010

Cheiro de Jasmim

Pela manhã
o cheiro do jasmim
mesmo sem orvalho
ceci matsu

Entrei numa oficina para a prática de Haicai. Uma prática que me atrai, por despertar em mim uma emoção estética. O haicai, segundo o Prof. Paulo Franchetti, um estudioso do assunto:

"Haicai é a arte verbal de, com o menor número de elementos e com a maior discrição, produzir emoção poética profunda. Do ponto de vista da forma, haicai é um texto em três versos breves, centrado numa sensação ou numa percepção pontual, escrito em linguagem comum, direta, de vocabulário simples e sintaxe usual, sem metáforas nem personificações e sem uso ostensivo de aliterações, assonâncias e rimas. O haicai, tal como o entendemos nesta lista, não traz juízo ostensivo de valor nem é sentimental, não faz proselitismo nem busca fornecer ao leitor uma lição moral; pelo contrário, valoriza a modéstia e a contenção, a piedade e a solidariedade como atitude frente ao mundo."

Estado mental que deriva do haicai: humor, a liberdade, a simplicidade, a solidão, a abnegação, a gratidão, o amor, a coragem, a brevidade, não intelectualidade, não contraditoriedade, não moralidade e materialidade.

O haicai acima começou assim:
Pela manhã
nenhuma gota de orvalho
Mas o jasmim cheira.
Evoluiu assim:

Pela manhã
nenhuma gota de orvalho
Só o cheiro do jasmim

Vem da vivência de dias secos e calorentos por aqui, sem chuvas, portanto sem orvalho nas plantas. No jardim, um jasmineiro forma uma cerca divisória. Só tem folhas e um único jasmim, pequenino, e muito cheiroso.

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